Colheita tardia significa exatamente o que diz o nome, ou seja, a colheita das uvas é feita após o período considerado usual para a produção de um vinho. A composição dos frutos sofre alterações e com isso, o vinho que resulta desse processo é bem diferente. Mais adocicado e alcoólico, o vinho de colheita tardia é considerado um vinho de sobremesa. Vamos aos detalhes.
Colheita tardia: o que acontece com as uvas
Os vinhos de colheita tardia são normalmente elaborados com uvas que sofreram um ataque de um fungo. A maturação excessiva deixa a pele da uva fina o suficiente para que um tipo de fungo a perfure. Com isso a fruta desidrata, perdendo água e concentrando açúcares. Para que este não torne o vinho enjoativo, é preciso que seja equilibrado com a acidez. As uvas que mais se adaptam a esse estilo de vinho são: Riesling, Furmint, Sauvignon Blanc, Sémillon e Gewürztraminer. Com bastante açúcar natural, o resultado é um vinho de sobremesa, doce naturalmente e, em geral, com níveis mais elevados de álcool.
Nesse estilo de vinho as uvas são colhidas tardiamente.
Podridão nobre
O método mais tradicional é o chamado podridão nobre, causado pelo fungo botrytis cinerea. O grau de ação do fungo não estraga a fruta mas acrescenta sabores e aromas. Esse fungo surge com a umidade, mas se ela for muito intensa, causará o efeito oposto, chamado de podridão cinzenta. Aí então, o trabalho está perdido. Porém se, após o seu surgimento, o clima estiver seco e assim perdurar, as uvas super maturadas atingem um estágio de podridão desejável para a elaboração dos vinhos de colheita tardia.
A história
Existe um relato que data de 1776, feito por Johann Michael Engert, administrador de uma vinícola em Fulda, na Alemanha, que conta uma história interessante. Naquela época para se iniciar a vindima, era preciso pedir autorização para os governantes dos condados, os príncipes-bispos. Em 1775, o príncipe-bispo era Henrique von Bibra e aguardava a chegada do mensageiro de nome Babbert para assinar a autorização. Não se sabe seu paradeiro, pois ele sumiu, e com isso a colheita foi autorizada com semanas de atraso. Os monges que eram os enólogos da vinícola, decidiram fazer o vinho assim mesmo. E o resultado surpreendeu a todos. Posteriormente o método foi refinado e assim nasceu os vinhos de colheita tardia.
Vinho de Gelo é colheita tardia?
Os curiosos vinhos de gelo (ice wine ou eiswein) são considerados de colheita tardia, mas ao invés de serem atacados por um fungo, é o frio extremo que congela a água existente no interior da fruta. A uva então é gentilmente prensada - antes que a água descongele - o que faz com que a maior extração seja de açúcar e dos outros compostos que permanecem líquidos apesar do frio.
Vinhos famosos de colheita tardia
Atualmente são produzidos vinhos de colheita tardia no mundo todo, mas alguns são famosos pelas qualidades sofisticadas. Vejamos alguns: França – são chamados de vendange tardive. Ex: Monbazillac, Barsac, Cadillac, Sauternes. Hungria – citado até no Hino Nacional daquele país, os vinhos Tokaji são admirados mundialmente e são feitos com o método podridão nobre - aszú em húngaro. Alemanha – de nomes complicados mas de sabores excelentes são os Beerenauslese e Trockenbeerenauslese. Na Alemanha eles recebem a classificação de Spätlese e Auslese, de acordo com o grau de maturação das bagas. O Auslese é elaborado com uva botririzada, ou seja atacada pelo fungo, em estágio avançado. Romênia – na região de Cotnari, na Moldávia, os vinhos são produzidos principalmente com a casta Grasă, que se assemelha muito com variedade Furmint, do vinho Tokaji. Áustria – chamado de Ausbruch, os vinhos de colheita tardia normalmente se originavam da variedade Furmint, mas nos últimos anos foram substituídos pelas Chardonnay, Pinot Blanc, Traminer e Welschriesling.
Sauternes, na França é um dos lugares que produzem ótimos vinhos de colheita tardia.
Conclusão
A variedade de métodos de vinificação mostra o quão rico é o universo do vinho. Características únicas e sabores exóticos nos apresentam um mundo novo. Desbravar esses novos sabores é uma jornada para lá de prazerosa. E com certeza, o vinho de colheita tardia é uma parada obrigatória. Cheers! Equipe VinumDay • um vinho para cada dia
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Nos referimos ao Cantine Povero Barbera d'Asti Contrada Maestra 2023, tinto nos trinques, que já carrega 92 pontos do criterioso Luca Maroni e 90 pontos de James Suckling.
Desde 1964, a Cantine Povero mantém a tradição vitivinícola do Piemonte, dedicando-se ao cultivo de variedades autóctones em uma área de 50 hectares. Os vinhedos estão situados em solos argilo-calcários, a uma altitude média de 320 metros, e são conduzidos segundo práticas de cultivo 100% orgânicas, com destaque para a variedade Barbera.
O rótulo Contrada Maestra faz referência a uma das principais vias de Cisterna d'Asti, município onde a vinícola está localizada. Entre os séculos XIV e XIX, essa rua foi cenário do Palio di Asti, uma corrida de cavalos sem sela, na qual os vencedores celebravam com o vinho de Barbera.
Denotando as suas características típicas, esse exemplar é uma versão deliciosa, equilibrada e muito agradável da casta.
O Barbera d'Asti Contrada Maestra 2023 revela uma complexidade aromática fascinante, com intensas notas de frutas vermelhas, como ameixa, amora e cereja, combinadas com especiarias adocicadas e picantes, como canela e pimenta-do-reino. Sutilmente, toques terrosos completam o perfil, conferindo profundidade e elegância ao vinho.
De corpo médio e bem estruturado, este italiano se destaca pela harmonia perfeita entre sua acidez vibrante e seus taninos sedosos. Os sabores, que refletem as notas aromáticas, se mantêm de forma persistente, criando um final gostoso e prolongado.
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Agora com ainda mais premiações, apresentamos o Terrasses du Château Pesquié Ventoux 2022! Confira abaixo a apresentação impecável feita pelo sommelier Thiago Borne:
O Rhône é lar de grandes e lendários vinhos!
Dos extraordinários Hermitage e Côte-Rôtie do norte ao mítico Châteauneuf-du-Pape do sul, a região também conta com inúmeras outras denominações capazes de dar vida a vinhos fantásticos. Uma destas é a AOC Ventoux, situada a cerca de 40 quilômetros a leste da cidade de Avignon, na seção sudeste do vale do Rhône, colada no Parque Regional Natural Mont Ventoux, uma reserva ambiental listada pela UNESCO por sua excepcional biodiversidade que forma um ecossistema com paisagens cinematográficas. O Mont Ventoux, que dá nome à denominação, é um pico de 1.912 metros famoso por ser trajeto do famigerado evento ciclístico Tour de France.
A proximidade ao Mont Ventoux faz com que a AOC Ventoux seja beneficiada com um microclima perfeito para a viticultura: boa altitude, clima de montanha, noites frias e a presença do vento Mistral fazem com que os vinhos da denominação sejam considerados os mais elegantes do sul do Rhône.
O Château Pesquié é uma das principais propriedades da AOC Ventoux, cuja história começa no início da década de 1970, quando Odette e René Bastide restauram o Château Pisquié e começam a estruturar seus vinhedos. Eles estavam dentre os pioneiros que acreditaram no enorme potencial da região para a elaboração de grandes vinhos. Atualmente a empresa é gerida por Alexandre e Frédéric, netos de Odette e René, que além de trabalhar arduamente para manter o alto padrão estabelecido pelas gerações anteriores, também estão investindo na inclusão da empresa na filosofia biodinâmica.
Alexandre e Frédéric vêm certificando os vinhedos da propriedade pela Ecocert desde 2007 e, após aprender técnicas biodinâmicas com Vincent Masson, eles estão gradualmente implantando a filosofia na empresa, visto que o terroir de Ventoux, beneficiado pelo forte vento Mistral que afugenta qualquer doença fúngica, é extremamente propício para o biodinamismo.
O Château Pesquié Terrasses Rouge é um blend de 60% de Grenache e 40% de Syrah,oriundas de vinhedos com certificado orgânico com mais de 50 anos cultivados biodinamicamente em terraços no sopé do Mont Ventoux. A colheita é manual e ao chegar à vinícola, as uvas são meticulosamente selecionadas e desengaçadas. Após uma prensagem sutil, o mosto sofre uma maceração pré-fermentativa de 15 dias. Então a fermentação alcoólica ocorre espontaneamente com leveduras indígenas em tanques de aço inox e de concreto. Em seguida, 30% do vinho é inserido em barricas usadas (entre 2 e 4 anos) de carvalho francês e os 70% restantes em foudres de carvalho, onde estagia por 6 meses para, enfim, ser engarrafado apenas com uma clarificação natural e sem qualquer tipo de filtragem.
Na taça encontramos um vinho simplesmente magnífico! O olfato é limpo e de ótima intensidade, revelando frutas negras e vermelhas, de frescas para maduras, como a cereja e o morango, escoltadas por notas de especiarias picantes, piso florestal, couro e tabaco, finalizando com delicados toques florais e minerais. Em boca tem perfil frutado, estrutura harmoniosa, construída pelo incrível equilíbrio entre taninos finos e aveludados e uma acidez direta e gastronômica. Deliciosamente agradável!
Realmente fica fácil entender os motivos que levam a crítica especializada internacional a pontuá-lo há mais de 20 anos com notas superiores a 90 pontos! Nesta ótima safra 2022, o Terrasses Ventoux Rouge conta com excelentes 93 pontos tanto por James Suckling como na Robert Paker Wine Advocate, enquanto Jeb Dunnuck lhe concedeu 91+, Matt Walls da Decanter Magazine 91 pontos e Gismondi on Wine bons 90 pontos.
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